sexta-feira, 30 de abril de 2010

A morte do pensamento de esquerda e as coligações

  O livro registra para sempre o que não pode ser esquecido em nosso país , recoloca a reflexão sobre a eliminação do pensamento de esquerda e de mentes que deixaram de ser brilhantes nos poucos seguntos de um apertar de gatilho. Memórias de inúmeros rostos de pessoas nem tão perigosas invadem o livro criado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS. Ao ver que a maioria eram jovens com ideais de liberdade de expressão e liberdade política, penso que a luta deles não foi em vão por termos hoje um "estado democrático de direito". Temos direito a imprensa livre, ao voto e a elger nosso candidato, direito a ter um parlamento que pode expressar a vontade do povo, de organizar partidos e expressar nossos pensamentos, etc.  Claro, uma democracia que anda a passos lentos, e esbarra não mais na bala da repressão, mas na corrupção e disputa pelo poder. Tivemos enfim a abertura política, e junto, a abertura de espaços para a corrupção, o crime do colarinho branco, os mensalões e o clientelismo. Abrimos também um espaço para a invasão de mentes mediocres que não estão mais envolvidas com desenvolvimento do nosso país. Mentes deturpadas que querem apenas estar estar no poder. A abertura política permitiu a entrada da esquerda e nos trouxe a perda do pensamento original de esquerda. Atualmente, quase não temos mais  o pensamento de direita, todos querem ser esquerda. E a esquerda tradicional corre o risco de, em breve, não ter mais identidade, como aqueles que morreram e nunca foram homenageados, estamos matando o pensamento de esquerda, não precisamos mais das armas da repressão. O prórpio pensamento da pseudo-esquerda morre aos poucos, é um carrasco de si mesmo, e ainda temos ruas com nomes de generais.


Direito à meomória e à verdade
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, 
COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Michel Foucault e o cuidado de si

"Na primeira hora do curso do dia 20 de janeiro de 1982, Michel Foucault evidencia a transformação pela qual o “cuidado de si” passou desde Alcebíades, de Platão, até o início dos séculos I e II de nossa era, caracterizada por ele como “uma verdadeira idade de ouro na história do cuidado de si” (P. 79)[1] [2].
Segundo o filósofo, esta transformação influenciou claramente as culturas posteriores, sobretudo a moral sexual européia moderna, com o regime de aphrodisia[3], entendida como uma experiência greco-histórica dos prazeres, a substância ética da moral antiga, diferente da experiência cristã da carne e da experiência moderna da sexualidade.
Seu objetivo era de destacar as relações subjetividade/verdade de uma maneira mais geral, colocando-as na dimensão histórica e, sobretudo, mostrar que, com a evolução, o cuidado de si tornou-se um verdadeiro fenômeno cultural como princípio de toda conduta racional, em toda forma de vida ativa que queria obedecer ao princípio da racionalidade moral. Não se ignorando que ele sofreu uma série de outras transformações no cristianismo primitivo, medieval, no Renascimento e no século XVII.
O autor considera que existem dois preceitos: o epimeleia heautou que é o cuidado de si-mesmo, a preocupação consigo-mesmo, etc.; e a prescrição délfica da gnôthi seauton – fórmula fundadora da questão das relações entre sujeito e verdade – que quer dizer conhece-te a ti mesmo[4]; que em certo número de textos platônicos se conjugam, como, por exemplo, em Apologia a Sócrates. Em Alcebíades, no entanto, o gnôthi seauton sempre teve uma espécie de subordinação ao epimeleia heautou, como uma maneira de aplicação concreta da regra geral de ocupar-se de si-mesmo.
Encontramos, em Alcebíades, três condições que determinavam, ao mesmo tempo, a razão de ser e a forma do cuidado de si: 1- aqueles que deveriam se ocupar de si mesmos eram jovens destinados a exercer o poder; 2 – o objetivo era o bom exercício do poder; 3 – a forma exclusiva onde ocupar-se de si é conhecer a si próprio.
Em Platão, estas três condições, que Foucault chama, também, de “determinações” ou “limitações”, desapareceram. Primeiramente, os que deveriam ocupar-se de si não eram mais, exclusivamente, jovens políticos, mas todos poderiam fazer isso, sem importar-se com a idade ou o status[5]. Em seguida, não existia mais o único objetivo de bem governar os outros, mas o cuidado tem o fim em si mesmo: em Alcebíades o objeto do cuidado era o próprio cuidado, mas o fim era a cidade, mais tarde, o “si” torna-se objeto e fim. A característica exclusiva do cuidado de si se atenua e torna-se coextensivo à vida, em um conjunto mais vasto, o que podemos chamar de conversão, epistrophê – conhecer o verdadeiro, liberar-se – um movimento que pode nos conduzir deste mundo para outro[6] [...]."