quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Brasil vence atuais campeãs olímpicas no handebol

AE - Agencia Estado

BERGEN - A seleção brasileira de handebol feminino conseguiu uma boa vitória sobre a Noruega por 33 a 32, neste sábado, em Bergen. A partida contra as atuais campeãs olímpicas faz parte de uma serie de amistosos preparatórios para o Campeonato Mundial, que será disputado de 5 a 20 de dezembro, na China.
O principal destaque brasileiro foi Jaqueline, artilheira da partida com 11 gols. "Marcamos muito bem o contra-ataque delas, mas no geral a nossa defesa estava muito forte. Além disso, fizemos tudo o que o Morten (o técnico) pediu e essa disciplina tática foi importantíssima para sairmos com a vitória. Ganhar das campeãs olímpicas é simplesmente demais", afirmou a jogadora. Também se destacaram neste sábado a goleira Maíssa, a central Ana Paula e a armadora Duda Amorim.
Para o técnico Morten Soubak, a rápida recuperação defensiva foi fundamental para a vitória brasileira. "Conhecendo o forte e poderoso contra ataque da seleção da Noruega, pedi muita atenção na volta para a defesa, pois sabia que seria um ponto determinante nesse jogo e isso fez a diferença", explicou.
As duas seleções voltam a se enfrentar neste domingo, às 10 horas (horário de Brasília). O Brasil já havia feito dois amistosos contra a Dinamarca antes de enfrentar a Noruega.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Sobre a Violência

Sobre a Violência

“...Esperar de pessoas que não tem a menor noção do que é a coisa pública (res publica) que se comportem de maneira não violenta e discutam racionalmente em questões de interesse não é realista nem razoável.
A violência, sendo instrumental por natureza, é racional à medida que é eficaz em alcançar o fim que deve justificá-la. E posto que, quando agimos, nunca sabemos com certeza quais serão as consequências finais do que estamos fazendo, a violência só pode permanecer racional se almeja objetivos a curto prazo.
O perigo da violência, mesmo se ela se move conscientemente dentro de uma estrutura não-extremista de objetivos de curto prazo, sempre será o de que os meios se sobrepõe ao fim.
Segundo Sorel e Pareto, quanto maior é a burocratização da vida pública, maior será a atração pela violência. Em uma burocracia plenamente desenvolvida não há ninguém a quem se possa inquirir, a quem se possam apresentar queixas, sobre quem exercer as pressões do poder. A burocracia é a forma de governo na qual todas as pessoas estão privadas da liberdade política, do poder de agir, pois o domínio de Ninguém não é um não-domínio, e onde todos são igualmente impotentes temos uma tirania sem tirano.
No plano das ideologias, a coisa é muito confusa, pois é óbvio o fato de que as imensas máquinas partidárias conseguiram sobrepujar a voz dos cidadãos em todo o lugar, mesmo em países onde a liberdade está intacta.
A transformação em administração, ou das repúblicas em democracias, e o desastroso encolhimento da esfera pública que as acompanhou têm uma longa e complicada história ao longo da época moderna; e esse processo tem sido consideravelmente acelerado durante os últimos cem anos por meio do surgimento das burocracias partidárias. A liberdade, ou seja, o poder de agir, encolhe todos os dias, a não ser para os criminosos nos chamados países livres e democráticos.
Nem a violência, nem o poder são fenômenos naturais, isto é uma manifestação do processo vital, ou, eles pertencem ao âmbito político dos negócios humanos, cuja qualidade essencialmente humana é garantida pela faculdade do homem para agir, a habilidade para começar algo novo. Nenhuma outra habilidade humana sofreu tanto com o progresso da época moderna, pois o progresso, como viemos a entendê-lo, significa crescimento, o processo implacável de ser mais e mais, maior e maior. Quanto maior torna-se um país em termos populacionais, de objeto e de posses, maior a administração, maior o poder anônimo dos administradores.
Muito da presente glorificação da violência é causado pela severa frustração da faculdade de ação no mundo moderno. Não sabemos se essas ocorrências são o começo de algo novo, um novo exemplo, ou a morte agônica de uma faculdade que a humanidade está a ponto de perder.
Quaisquer que sejam as vantagens e desvantagens administrativas da centralização, seu resultado político é sempre o mesmo; a monopolização do poder causa o ressecamento ou o esgotamento do todas as fontes autênticas de poder no país. Se o poder tem algo a ver com o queremos-e-podemos, enquanto distinto do mero nós-podemos, então temos que admitir que nosso poder tornou-se impotente. Será que o eu-quero e o eu-posso separaram-se? Pode-se dizer que tudo o que sabemos e tudo o que podemos, finalmente voltou-se contra aquilo que somos?
Não sabemos onde o desenvolvimento vai nos conduzir, mas sabemos, ou deveríamos saber, que cada diminuição no poder é um convite à violência. Pelo menos porque aqueles que detêm o poder e o sentem escapar de suas mãos, sejam os governantes, sejam os governados, tem sempre achado difícil resistir à tentação de substituí-lo pela violência.”

Do Livro Sobre a Violência
de Hannah Arendt

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Boa noite senador, Pedro Simon!

Boa noite senador, Pedro Simon!
Estamos esperando sua ajuda para salvar o RioGrande!
Estamos esperando os seus discursos coléricos e determinados... para salvar o RioGrande, senador!
Ou será que o senhor não sabe o que acontece no Rio Grande?!!!!!!!!!!
As denúncias não são da mídia (aliás, estão bastante desconfortáveis na cobertura... alguns jornalistas quase choram), também não são de nenhum partido político. As denúncias são do MPF (entendo... o senhor quer ter certeza que o Ministério Público Federal não está sendo manipulado)!
Desculpe incomodá-lo, senador da república... mas gostaríamos de contar com a sua veemência (ou seria demência?) nas denúncias e apuro da verdade!
Se eu admiro o Sarney? Nunca! Sempre estive em oposição as suas (as dele e também as suas... senador) práticas políticas, apenas estou achando o momento de uma riqueza pedagógica ímpar, par, sei lá, senador! O senhor nos deixa muito confusos com seu silêncio, viu?
Mas estou esperando seu pronunciamento no aeroporto, no palácio Piratini, em qualquer lugar senador... fale alguma coisa senador!
Só não diga que o momento não é de discursos e ação, mas de apoio ao governo em nome do Rio Grande!
Mauro Marques

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O crime agora é vigiado das alturas

Veículo Aéreo Não Tripulado vai monitorar fronteira e Amazônia com imagens em tempo real

BRASÍLIA

A nova arma da Polícia Federal para vigiar e combater o crime na região de fronteira é imperceptível a olho nu, voa com uma autonomia de 37 horas, a uma distância de 10 quilômetros da terra – altura de cruzeiro – e pode acompanhar o alvo em tempo real, ao vivo e a cores. Um voo experimental do primeiro Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) foi mostrado ontem ao ministro da Justiça, Tarso Genro, e ao diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, na primeira base de operações do projeto, em São Miguel do Iguaçú, no Paraná.

O novo avião, de tecnologia militar israelense e com uma envergadura de 10 metros, munido de radares com câmeras fotográficas e de vídeo de alta precisão – que podem ser utilizadas a qualquer hora do dia – pode voar por uma extensão de mil quilômetros ininterruptos, transmitindo imagens nítidas de alvos em movimento, captados via satélite na Terra. Durante o vôo de ontem as autoridades puderam acompanhar, numa base improvisada em São Miguel do Iguaçu, as imagens transmitidas pela aeronave. O governo vai gastar R$ 114 milhões para implantar a primeira fase do projeto, que terá 14 aeronaves e priorizará a região da fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina.

Até o fim do ano serão instaladas quatro bases, uma delas em Brasília, que abrigará também um centro de treinamento para operadores do sistema. As outras três estarão funcionando a pleno vapor até março do ano que vem em Manaus, Porto Velho e Foz do Iguaçu. Mas a Polícia Federal vai estender a vigilância aérea a todo o território nacional.

– O Ministério da Justiça tem recursos e vontade política para a implantação do Vant – garantiu Tarso Genro, ao conhecer e se encantar com o projeto. Segundo o ministro, os recursos para a primeira fase já estão assegurados no orçamento do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), a vitrine do Ministério da Justiça para o setor.

O delegado Luiz Fernando Corrêa explicou que a tríplice fronteira foi escolhida como piloto por seu simbolismo estratégico como porta de entrada do contrabando e tráfico de drogas e armas. A PF é a primeira polícia do mundo a utilizar aviões não tripulados e se antecipa até mesmo às Forças Armadas, que também querem a tecnologia, mas por enquanto estão avaliando as propostas. Seu foco é a segurança nacional. Já a PF visa inicialmente o crime organizado e a cooperação internacional. Seu alvo inicial será o monitoramento de movimento estranhos na região de fronteira e, especialmente, na Amazônia. A PF faz testes há 12 dias e já se certificou da eficácia do sistema. É possível, por exemplo, fazer o acompanhamento completo do trajeto de um veículo ou pessoas que cruzem a fronteira.

A PF usará a ferramenta também para auxiliar nas operações em conjunto com os países vizinhos, como o Paraguai, Colômbia, Bolívia e Peru. Até agora apenas o Paraguai tem convênio com a polícia brasileira.

Embora o projeto comece pela tríplice fronteira e seu destino inicial seja o combate ao contrabando, tráfico de drogas e armas ou crimes ambientais, nada impede que os equipamentos sejam usados para rastrear também outros alvos da Polícia Federal ou de órgãos de segurança e informação internacionais com os quais há tratados de cooperação.

A tríplice fronteira é uma área de permanente suspeita internacional por conta do avanço do terrorismo no mundo. As agências de países como os Estados Unidos e Israel – os maiores alvos desses grupos – mandam seguidos informes sobre a movimentação de terroristas ou de transações financeiras entre as organizações e pedem a colaboração brasileira para localizá-los. Até hoje não há casos comprovado

Texto de Vasconcelo Quadros
Jornal do Brasil

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Lançamento do Território da Paz




LANÇAMENTO DO TERRITÓRIO DA PAZ (PRONASCI NA BOM JESUS EM POA)

Lula em Porto Alegre.

Com tanta violência e assassinatos estamos percebendo um ato de grandeza do governo ao lançar programas que visam trazer o jovem de volta a vida, intervindo neste drama em que nosso país está vivendo. A morte de jovens em nossa periferia.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Revolução Francesa

A Revolução Francesa pode ser subdividida em quatro períodos: a Assembléia Constituinte, a Assembléia Legislativa, a Convenção e o Diretório.

O período da Assembleia Constituinte decorre de 9 de Julho de 1789 a 30 de Setembro de 1791. As primeiras ações dos revolucionários deram-se quando, em 17 de Junho, a reunião do Terceiro Estado se proclamou "Assembléia Nacional" e, pouco depois, "Assembléia Nacional Constituinte". Em 12 de Julho, começam os motins em Paris, culminando em 14 de Julho com a tomada da prisão da Bastilha, símbolo do poder real e depósito de armas. Sob proposta de dois aristocratas, o visconde de Noailles e do duque de Aiguillon, a Assembleia suprime todos os privilégios das comunidades e das pessoas, as imunidades provinciais e municipais, as banalidades, e os direitos feudais. Pouco depois, aprovava-se a solene "Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão". O lema dos revolucionários era "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", mas logo em 14 de Junho de 1791, se aprovou a Lei de Le Chapelier que proibia os sindicatos de trabalhadores e as greves, com penas que podiam ir até à pena de morte. Em 19 de Abril de 1791, o Estado nacionaliza e passa a administrar todos os bens da Igreja Católica, sendo aprovada em Julho a Constituição Civil do Clero, por intermédio da qual os padres católicos passam a ser funcionários públicos.

O período da Assembléia Legislativa decorre de 8 de Outubro de 1791, quando se dá a primeira reunião da Assembléia Legislativa, até aos massacres de 2 a 7 de Setembro do ano seguinte. Sucedem-se os motins de Paris provocados pela fome; a França declara guerra à Áustria; dá-se o ataque ao Palácio das Tulherias; a família real é presa, e começam as revoltas monárquicas na Bretanha, Vendeia e Delfinado.

Entra o período da Convenção Nacional, de 20 de Setembro de 1792 até 26 de Outubro de 1795. A Convenção vem a ficar dominada pelos jacobinos (partido da pequena e média burguesia, liderado por Robespierre), criando-se o Comitê de Salvação Pública e o Comitê de Segurança Pública, iniciando-se o reino do Terror. A monarquia é abolida e muitos nobres abandonam o país, vindo a família de Luís XVI a ser guilhotinada em 1793.

Vai seguir-se o período do Diretório até 1799, também conhecido como o período da "Reação Termidoriana". Um golpe de Estado armado desencadeado pela alta burguesia financeira marca o fim de qualquer participação popular no movimento revolucionário. Foi um período autoritário assente no exército (então restabelecido após vitórias realizadas em campanhas externas). Elaborou-se uma nova Constituição, com o propósito de manter a alta burguesia (girondinos) livre de duas grandes ameaças: o jacobinismo e o ancien régime.

O golpe do 18 de Brumário em 9 de Novembro de 1799 põe fim ao Diretório, iniciando-se a Era Napoleônica sob a forma do Consulado, a que se segue a Ditadura e o Império.

A Revolução Francesa semeou uma nova ideologia na Europa, conduziu a guerras, acabando por ser derrotada pela instalação do Império e, depois da derrota de Napoleão Bonaparte, pelo retorno a uma Monarquia na qual o rei Luís XVIII vai outorgar uma Carta Constitucional.
Texto do Wikipédia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Francesa

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Território de Paz

Criado com a proposta de integrar políticas de segurança e ações sociais preventivas, o Território de Paz apresenta um pacote de medidas que envolvem a comunidade e as forças de segurança na redução da criminalidade.

Entre os projetos a serem implementados na capital gaúcha está a polícia comunitária. A idéia é que os policiais façam ronda sempre na mesma região, andando de bicicleta e conversando com os moradores. Assim, o cidadão saberá o nome dos policiais, o número de telefone das bases comunitárias e participará de reuniões periódicas com as forças de segurança.

O grande diferencial desse modelo é o foco na prevenção. Conhecendo os policiais comunitários, a população poderá ajudar com o repasse de informações, por exemplo, sobre movimentações de pessoas suspeitas na comunidade.

Também serão instalados núcleos de Justiça Comunitária onde os próprios moradores, após participarem de cursos de capacitação, prestarão orientações jurídicas e farão a mediação de conflitos, evitando que simples discussões acabem na Justiça.

Outra iniciativa do Território de Paz é o Protejo, que vai mobilizar a juventude das comunidades para participar de atividades de educação, formação profissional, esporte e lazer. O objetivo é evitar que eles sejam cooptados pelo crime. Ao participar, o adolescente receberá um auxílio financeiro de R$ 100 por mês.

Esses jovens serão identificados pelas Mulheres da Paz – projeto que vai selecionar e capacitar 1.800 lideranças comunitárias de Porto Alegre para atuar na prevenção de conflitos na comunidade.

Em 2008, o Pronasci destinou R$ 107 milhões para o Rio Grande do Sul e para a cidade de Porto Alegre, que financiaram ações como: valorização dos profissionais de segurança pública (bolsa de estudo), compra de equipamentos, viaturas para as polícias, reforço na área de inteligência, entre outros.

Novo paradigma para a segurança

O Pronasci articula políticas de segurança com ações sociais, prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das ações de repressão. São 94 ações que integram a União, os estados, municípios e diversos setores da sociedade. O público-alvo do programa são jovens de 15 a 24 anos à beira da criminalidade, presos e os que já cumpriram pena. Atualmente o Pronasci está presente em 96 municípios, 20 estados e no Distrito Federal.

Porto Alegre é a primeira capital da região Sul e o sétimo município do país a receber o Território de Paz. Desde dezembro de 2008, o projeto já foi lançado no Complexo do Alemão (RJ), no bairro de Santo Amaro (PE), na ZAP-5 (AC), no Itapuã (DF), em São Pedro (ES) e Maceió (AL).

Site Ministério da Justiça
http://www.mj.gov.br/pronasci/data/Pages/MJF4F53AB1PTBRIE.htm

terça-feira, 23 de junho de 2009

Aristóteles II

Aristóteles não nega a natureza humana ao escravo; mas constata que na sociedade são necessários também os trabalhos materiais, que exigem indivíduos particulares, a que fica assim tirada fatalmente a possibilidade de providenciar a cultura da alma, visto ser necessário, para tanto, tempo e liberdade, bem como aptas qualidades espirituais, excluídas pelas próprias características qualidades materiais de tais indivíduos. Daí a escravidão.

Vejamos, agora, o estadoem particular. O estado surge, pelo fato de ser o homem um animal naturalmente social, político. O estado provê, inicialmente, a satisfação daquelas necessidades materiais, negativas e positivas, defesa e segurança, conservação e engrandecimento, de outro modo irrealizáveis. Mas o seu fim essencial é espiritual, isto é, deve promover a virtude e, conseqüentemente, a felicidade dos súditos mediante a ciência.

Compreende-se, então, como seja tarefa essencial do estado a educação, que deve desenvolver harmônica e hierarquicamente todas as faculdades: antes de tudo as espirituais, intelectuais e, subordinadamente, as materiais, físicas. O fim da educação é formar homens mediante as artes liberais, importantíssimas a poesia e a música, e não máquinas, mediante um treinamento profissional. Eis porque Aristóteles, como Platão, condena o estado que, ao invés de se preocupar com uma pacífica educação científica e moral, visa a conquista e a guerra. E critica, dessa forma, a educação militar de Esparta, que faz da guerra a tarefa precípua do estado, e põe a conquista acima da virtude, enquanto a guerra, como o trabalho, são apenas meios para a paz e o lazer sapiente.

Não obstante a sua concepção ética do estado, Aristóteles, diversamente de Platão, salva o direito privado, a propriedade particular e a família. O comunismo como resolução total dos indivíduos e dos valores no estado é fantástico e irrealizável. O estado não é uma unidade substancial, e sim uma síntese de indivíduos substancialmente distintos. Se se quiser a unidade absoluta, será mister reduzir o estado à família e a família ao indivíduo; só este último possui aquela unidade substancial que falta aos dois precedentes. Reconhece Aristóteles a divisão platônica das castas, e, precisamente, duas classes reconhece: a dos homens livres, possuidores, isto é, a dos cidadãos e a dos escravos, dos trabalhadores, sem direitos políticos.

Trecho do site "O mundo dos filósofos"
http://www.mundodosfilosofos.com.br/

domingo, 21 de junho de 2009

Aristóteles I

Política
A política aristotélica é essencialmente unida à moral, porque o fim último do estado é a virtude, isto é, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso. O estado é um organismo moral, condição e complemento da atividade moral individual, e fundamento primeiro da suprema atividade contemplativa. A política, contudo, é distinta da moral, porquanto esta tem como objetivo o indivíduo, aquela a coletividade. A ética é a doutrina moral individual, a política é a doutrina moral social. Desta ciência trata Aristóteles precisamente na Política, de que acima se falou.

O estado, então, é superior ao indivíduo, porquanto a coletividade é superior ao indivíduo, o bem comum superior ao bem particular. Unicamente no estado efetua-se a satisfação de todas as necessidades, pois o homem, sendo naturalmente animal social, político, não pode realizar a sua perfeição sem a sociedade do estado.

Justiça como eqüidade

Em seus escritos, Rawls afirma que as origens históricas do liberalismo estão na Reforma e nas guerras religiosas dos séculos XVI e XVII(10). Antes desse período, a cooperação social pressupunha compartilhar uma mesma fé, o que significava ter uma mesma concepção do bem(11). Não havia acordo possível nem respeito mútuo entre pessoas de fé diferente. Foram as doutrinas que pugnavam pela tolerância religiosa que possibilitaram o surgimento do liberalismo, o qual, "como doutrina política, supõe que há muitas concepções conflitantes e incomensuráveis do bem, sendo cada uma delas compatível com a plena racionalidade das pessoas humanas, tal como podemos verificar no âmbito de uma concepção política praticável de justiça"(12). Põe-se o liberalismo, então, em confronto com o pensamento tradicional dominante, o qual só admite uma concepção racional do bem e sustenta que as instituições sociais são justas na medida em que se dediquem à sua promoção. Esse pensamento tem suas origens em Platão e Aristóteles, passando pelo Cristianismo, representado por Agostinho e Tomás de Aquino, até chegar no utilitarismo clássico.

O liberalismo, calcado na experiência religiosa, afasta-se dessa idéia, porque não admite a possibilidade de um acordo público sobre uma determinada concepção do bem(13). Ao contrário, ele reconhece a existência de uma pluralidade de concepções do bem e procura uma resposta adequada à questão da unidade social, visto ser impossível um acordo no qual prevaleça uma concepção do bem em detrimento das demais. Com sua teoria da justiça como eqüidade, pretende Rawls apresentar essa resposta, não encontrada no liberalismo clássico.

O pensamento de Rawls parte da idéia principal de que a unidade social implica a concepção da sociedade como um sistema de cooperação entre pessoas livres e iguais e pressupõe a existência de um acordo a respeito de "uma concepção política da justiça para regular a estrutura básica da sociedade"(14). Isso requer o abandono do conceito de bem na formulação do conceito de justiça, único caminho, segundo Rawls, para se obter a convivência pacífica, numa sociedade democrática, de uma diversidade de doutrinas morais, religiosas e filosóficas.

Texto de José Elaeres Marques Teixeira
Revista Jurídica
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/revistajuridica/index.htm
Artigo recebido em 30/06/2007 e aceito para publicação em 31/07/2007

sábado, 30 de maio de 2009

História, Drama e Tragédia

"...O fato de que toda vida individual, compreendida entre o nascimento e a morte, pode vir a ser narrada como uma história com princípio meio e fim, é a condição pré-política da história, a grande História sem começo nem fim. Mas o motivo pelo qual toda a vida humana constitui uma história e pelo qual a Hsitória vem a ser posteriormente, o livro de histórias da humanidade, com muitos atores e narradores, mas sem atores tangíveis, é que ambas resultam da ação. Só atores e interloctures que reconstituem o enredo da história podem transmitir o significado total, não tanto da história em si, mas dos heróis que ela põe em evidência. Em termos de tragédia grega, isto quer dizer que tanto o significado direto como o significado universal da história são revelados pelo coro, que não imita e cujos comentários são pura poesia, ao passo que as entidades intangíveis dos agentes, por escaparem a toda generalização e, portanto, a toda reificação, só podem ser reveladas através da imitação dos seus atos. Esta é também a razão pelo qual o teatro é a arte política por excelência; somente no teatro a esfera política da vida humana é transposta para a arte. Pelo mesmo motivo, é a única arte cujo assunto é, exclusivamente o homem em suas relações com outros homens."
Hannah Arendt
Trecho do Livro "A Condição Humana"

sábado, 16 de maio de 2009

O ADOLESCENTE E A VIOLÊNCIA

Apesar de existirem afirmativas empíricas que a prática do esporte e a cultura (dança, teatro, música, literatura, artes visuais, etc..) inibem a incidência da violência ou agressividade entre os praticantes, é pequeno o volume de trabalhos sobre este assunto.
Verificam-se na revisão bibliográfica questões de abordagem psicológica e biológica da violência na adolescência, e os efeitos que o esporte e a cultura apresentam. O adolescente pertence ao grupo social de idade menor, economicamente inativo e encarado sob suas carências, assim sendo, as medidas de amparo devem também ir para esta geração.
A adolescência é a fase da busca de um sentido na vida. A entrada na puberdade coloca a criança nesta nova fase. A puberdade é uma era definidora de uma identidade sexual e social. A adolescência (do latim adolescência, ad: para, em direção a, e olescere: forma incoativa de olere, crescer) é conceituada como um período de transição e busca da identidade. A sua inserção na sociedade de maneira branda ou não, dependendo de como isto foi encaminhado pelos responsáveis (pais ou outros), vai lhe trazendo uma situação de transformação. O que deve emergir desse período é um sentido reintegrado do eu, do que deseja fazer e ser, e do papel próprio do seu sexo.
Esta situação da vida do ser humano requer um grau de orientação e acompanhamento sistemático por parte de todos que envolvem o cotidiano e de uma forma ou de outra estarão influenciando a sua busca da identidade, onde muitos adolescentes irão negar o seu crescimento assumindo atitudes infantis com manifestações distorcidas. A sociedade cria um universo completo de regras, leis, costumes usos e práticas para perpetuar os valores comumente aceitos e enfrentar os variados problemas. Os feitos realizados pela sociedade onde o adolescente se encontra irão ter um forte efeito formador e o estilo de vida na adolescência é um resultado de todo o conjunto; pais, amigos, escola, e suas relações com o meio em que vive.
A intensa transformação social de conceitos e valores também pesa neste período. O adolescente tem que aprender a conviver com a constante e rápida mudança social que predomina nos dias de hoje, bem como com alguma incerteza, ambigüidade e relatividade. Na verdade o adolescente irá se defrontar com mudanças, em um período crucial para determinar seu comportamento na idade adulta. Esta abordagem sobre a sociedade se faz necessário no momento, dentro do contexto influenciador para que se possa ter a real noção de todo o movimento que cerca a formação e as causas dos atos das gerações adolescentes, que por algum motivo ou outro podem ser bem ou mal sucedidas na vida.
Existe uma ligação direta entre a sociedade, a formação do caráter e a violência. Se nossa sociedade está confusa, perigosa e inquieta, isto irá causar uma perturbação no adolescente, e como conseqüência, poderá cometer atos de violência contra outros ou contra si mesmo. Dentro da perspectiva social, fazendo uma relação com a resposta que o adolescente dá ao assunto referente ao tempo livre, os jovens produzem uma cultura típica do menino marginalizado, gerando um próprio estilo de vida ao reunirem-se longe dos adultos.
Outros aspectos psicológicos envolvem a questão da violência, a medida que todos os fatores psicológicos, mudam, o mesmo ocorrerá com as variáveis cognitivas e biológicas. As normas básicas de comportamento surgem do grupo primário do ser humano que são; a família e seus amigos próximos. Logo a violência é uma decorrência dessa inserção social do adolescente.
Assim, a violência como decorrência dessa inserção social do adolescente, acreditando que grande parte deste comportamento esteja ligado a este fator, percebe que seus “pares”, fazem uma referência aos amigos inseparáveis da adolescência que passam pelos mesmos convívios em seus lares e exercem uma influência marcante.
Os fatores sociais parecem aumentar a prevalência do comportamento violento, o desemprego o uso de drogas, falta de escolaridade, saúde precária, subculturas de companheiros delinqüentes, supervisão inadequada e pais psicóticos, são fatores sociais adicionais.
Dentre os fatores que provocam mudanças na família, a industrialização foi significativa, modificando bases importantes até então existentes nas famílias convencionais do início do século. Dentro do contexto familiar, educacional, cultural e social, sendo estes contextos influenciadores diretos na formação da identidade, possibilitam a tendência de gerar no adolescente um grau de agressividade e violência, principalmente se tomarmos como referência a classe social baixa onde a problemática se acentua.
Como fenômeno de análise, e como um dos itens inseridos em nossa cultura social, o esporte e a cultura, pode ter um papel importante na vida do adolescente. Podem ajudar a aceitar as mudanças físicas e mentais e dar uma nova imagem ao corpo, possibilitando um conhecimento real do mesmo, assim como dinâmica da estrutura corpórea a respeito da identidade psicológica.
Destacamos então o esporte e a cultura como elementos prováveis para influenciar a diminuição da violência e agressividade do adolescente, a pedagogia deve estudar o homem que se movimenta, relacionado a todas as formas de manifestação deste movimentar dinâmico na sociedade. O movimento é entendido como forma de comunicação com o mundo. O que qualifica o movimento enquanto humano é o sentido do mover-se, significado mediado simbolicamente e que o coloca no plano da cultura.

Texto de Ricardo Gomes Ribeiro (Março de 2003)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Entrevista Luciano Rezende

Actividade física durante a gravidez

"...O envolvimento em actividades físicas durante a gravidez ou a continuidade do trabalho até aí efectuado são, geralmente, vistos com muitas reticências. Tal facto parece prender-se com a falta de informação relativa ao tema, nomeadamente da parte dos profissionais de saúde, bem como às diferentes e, muitas vezes, divergentes opiniões dos sujeitos circundantes do universo da grávida. Pretendemos, com este estudo, conhecer as opiniões de diferentes grupos de indivíduos no que respeita à prática de actividade física durante a gravidez, nomeadamente: i) distinguir as opiniões de grupos de médicos com e sem especialidade em obstetrícia; ii) distinguir as opiniões de grupos de médicos obstetras, grávidas e profissionais de fitness; iii) distinguir as opiniões de mulheres e homens pertencentes à mesma geração; iv) distinguir as opiniões de sujeitos, homens e mulheres, pertencentes a gerações diferentes. Os resultados sugerem que não existe um corpo de conhecimentos consistente e consensual relativo à prática de actividade física durante a gravidez, apesar de nenhum dos sujeitos inquiridos se ter mostrado discordante com a mesma..."

Actividade física durante a gravidez
Susana SOARES, Ricardo FERNANDES
Universidade do Porto, FCDEF
susana@fcdef.up.pt

sábado, 28 de fevereiro de 2009

O Republicanismo como resposta ao Totalitarismo

"...Normalmente se explica o ressurgimento do republicanismo como uma tenativa de
correção do que se considera fracassos do liberalismo (apatia, falta de interesse,
individualismo extremado, corrupção etc.). O que leva a supor que, se o liberalismo não
tivesse tais efeitos colaterais, o republicanismo não ressurgiria.
Para ela, o totalitarismo tem origem no liberalismo. Ele nasce de uma sociedade
despolitizada, marcada pela indiferença em relação aos assuntos públicos, pelo atomismo
social, pela individualização, pela competição, onde as instituições políticas são apenas uma fachada para interesses privados1. Por isso, somente uma concepção da política que promova a atividade (agency) e a pluralidade pode impedir a volta dos regimes totalitários. A ênfase na atividade, a participação, é que lhe torna republicana; e a ênfase simultânea na pluralidade diferencia seu republicanismo dos outros. Portanto, o objetivo é mostrar que o republicanismo é um antídoto contra o
totalitarismo.
O totalitarismo não foi o mesmo em todos os lugares (nazismo, fascismo, stalinismo
etc.), foi mais como um espectro, com diferentes graus de intensidade e totalidade. O que faz o Estado ser totalitário é que ele pretende a mudança total e/ou controle total dos aspectos que julga politicamente relevantes. Ele faz isso para promover “uma concepção total da vida” (expressão criada por Gentile) e um Estado que seja uma comunidade organicamente coesa.
Se comparado ao liberalismo, o republicanismo caracteriza-se por enfatizar uma
tradição diferente, que remonta principalmente ao humanismo cívico da Itália renascentista. Essa tradição começa com Aristóteles e sua idéia de democracia participativa, passamos por romanos como Cícero e Sêneca, adquire substância com os humanistas cívicos e o Machiavel dos Discorsi e ganha novos adeptos com Montesquieu, Jefferson e Tocqueville.
Essa tradição enfatiza virtudes cívicas tais como a honra, a participação, a
simplicidade, a honestidade, a frugalidade, o patriotismo, a integridade, a sobriedade, a abnegação, a laboriosidade, o amor à justiça, a generosidade, a nobreza, a solidariedade, a preocupação com a situação dos outros, a busca da glória etc.. Em contrapartida, repudia como vícios a corrupção, a ambição, a avareza, o orgulho, o egoísmo, a prodigalidade, a ostentação, o cinismo, a covardia, a extravagância, o luxo (no vestir, comer, beber e decorar)etc.
A principal diferença entre o republicanismo e o liberalismo é a concepção de
liberdade política – e a liberdade é o conceito central para ambos. Para o liberal, a liberdade é a autonomia, a não-interferência do Estado ou de outros sobre os assuntos privativos do indivíduo. O Estado só está autorizado a intervir na capacidade individual para prevenção de dano, isto é, quando existir a possibilidade de dano a um terceiro. Portanto, o indivíduo é a entidade política essencial, a ele devem ser submetidos os outros elementos. A comunidade e o Estado existem em prol do indivíduo. Isso faz com que se defina claramente a linha divisória entre o que é público e o que é privado (âmbito do indivíduo) e se defina o Estado como simples garantidor dos direitos fundamentais e a liberdade como garantia dos direitos
fundamentais..."

Trecho do Livro de
Lincoln Frias
O Republicanismo como resposta ao Totalitarismo

A PROBLEMATIZAÇÃO DO PODER

"Colocando-se no âmbito das lutas, Foucault propõe-se uma analítica que visa não
desvendar a constituição interna do poder — o que seria observar o uso da mesma
racionalidade universalista que ele critica —, mas o que denominou o antagonismo; ou mais rigorosamente, o agonismo das estratégias. Trata-se, pois, de uma abordagem indireta, tal como a que pretende na genealogia do poder definir a sanidade pelos efeitos da medicina, e as relações jurídicas e políticas pela análise da prisão. Ora, lutas dos indivíduos são reações à individualização operada pelas relações de poder. É coerente, pois, que se materialize uma segunda concepção de sujeito, aquele que reage e luta, e isso apesar de ser ele um efeito que é produzido pelo poder. Esta reação "é uma forma de poder que faz dos indivíduos sujeitos. Há dois significados para a palavra sujeito: sujeito a alguém pelo controle e dependência, e preso à sua própria identidade por uma consciência ou autoconhecimento."Esta segunda
característica relativiza a importância das relações de poder, incluindo, ainda que de início obscuramente, a condição de luta "contra aquilo que liga o indivíduo a si mesmo e o submete, deste modo, aos outros (lutas contra a sujeição, contra as formas de subjetivação e submissão)." Até então, o Foucault da genealogia operara apenas com a primeira acepção, como a subjetivação primeira, a qual não inclui a segunda, porque não fornece para o saber de si senão a condição exterior, da ação do poder sobre uma individualidade já regularizada. Assim, o sujeito consumava-se como o resultado das relações de poder que o constituíam como tal, em um dado período da história. Tomar consciência de sua identidade ou remeter-se ao autoconhecimento significa, no entanto, mais do que meramente perceber-se dominado por forças exteriores que inclusive limitam o que deve ser conscientizado; ver-se significa
redimensionar esses resultados objetificados por relações de poder estabilizadas. Tal
regularidade dos mecanismos de poder, sob essa nova concepção, só se fazia possível pela modificação de relações anteriores. Essa mudança é decorrente de uma relação que Foucault define como relação de confronto."

Trecho do Livro de
Cesar Tadeu Fontoura
Michel Foucault e a problematização do poder

sábado, 21 de fevereiro de 2009

A GÊNESE DO FILOSOFAR

A reflexão da gênese do filosofar nos leva por caminhos pressupostos e hipóteses, talvez particulares, talvez identificáveis na análise realizada por filósofos a respeito desse tema. Heidegger afirma que a única maneira de sabermos quem somos nós homens é através da descrição de como somos no mundo e das nossas características comportamentais. Além disso, cita que o homem é o único fazedor de mundos. Sendo o homem o único fazedor de mundos, podemos acreditar que para realizar essa ação o homem precisou passar por diferentes tipos de visões do mundo, já que para fazer um mundo é necessário olhá-lo de diferentes maneiras, de admirá-lo como possibilidade de transformação e construção. Essas visões de admiração que, segundo Platão, estão presentes na nascente filosófica de cada um que despertou ao filosofar, construindo mundos a partir de um maravilhamento antes não sentido, um espanto, um estranhamento no olhar, uma surpresa com as coisas ou com o mundo por ele ser como ele é. E é a partir desse espanto, de ver como se fosse a primeira vez, que o homem se admira e transforma-se, descrevendo e criticando a maneira como somos no mundo e nos tornando fazedor de mundos e de outros homens em si.
A partir desse momento, acontece a ruptura com o automatismo, com o óbvio, com a cristalização do significado. E é a partir dessa intuição filosófica, citada por Bergson, que acontece a atitude filosófica, atitude de tensionamento no limite do dizer e do pensar, desistindo do fim restritivo e aceitando novos começos, recomeços e aberturas. O homem então percebe que existe muito silêncio no que está sendo percebido. Inicia-se um movimento interno de reflexão e de admiração ingênua, que como cita Bornheim, é uma atitude consciente, de afirmação e abertura, de rompimento com o dogmatismo. E esse rompimento surge como mudança, pois antes aceitava o mundo como dado, já feito e não lhe ocorria colocar em dúvida esse mundo.
Quando acontece a quebra desse dogmatismo e o homem principia na admiração ingênua, ele percebe que traz em si a forma inteira da condição humana e coloca-se em movimento por si mesmo e então se percebe com uma nova consciência. Uma consciência em movimento, que pode vir a se tornar imortal, conforme Platão representa em Fedro, na demonstração da imortalidade do que se move por si mesmo. Segundo o filósofo, o que se move a si mesmo é imortal, ao passo que, naquilo que move alguma coisa, mas, por sua vez, é também movido por outra, a cessação do movimento corresponde ao fim da existência. Somente o que se move a si mesmo não deixará de mover-se e, sendo assim, constitui também fonte de movimento para as outras coisas que se movem. Desta maneira, o despertar à filosofia inicia a partir de um movimento interno, reflexivo e admirativo, gerado pelo próprio homem, que corresponde ao princípio de uma outra existência. E esse princípio constitui algo inato, pois é a partir de um princípio que necessariamente assume existência tudo aquilo que existe.
A experiência negativa, da dúvida, gera a supressão provisória do conhecimento e essa dúvida aguça o espírito crítico próprio da vida filosófica, provando, desta maneira, a eficácia da dúvida, já que a consciência da ignorância provoca a interrogação daquilo que ignora, levando ao conhecimento, que é a supressão da ignorância. O homem percebe que ama o conhecimento e passa a buscá-lo, pois se pergunta pelo sentido da sua própria existência. Enxerga o mundo exterior abandonado e isso é sentido de insatisfação. O homem toma consciência de sua própria miséria e problematiza a condição implícita de mundo. A dúvida surge como um estágio bastante adiantado da filosofia, segundo Bornheim, já que a dúvida supõe outras filosofias, pois apenas a partir de uma saturação de conhecimentos e de pontos de vista existentes pode a dúvida surgir e impor-se como necessidade. Mas, em contrapartida, Santo Agostinho nos alerta sobre aqueles que buscam o conhecimento e amam o conhecimento. O despertar à filosofia pode ocorrer a partir do momento em que se percebe que ama o saber, que ama saber mais, que ama aquilo que sabe e deseja saber e descobrir outras coisas. Esse seria o verdadeiro sábio. Ao contrário do curioso, que ama saber o desconhecido e, desta maneira, odeia o desconhecido e deseja que ele termine. A conversão filosófica ocorre quando o homem sente a abertura para o real e para o irreal, e percebe a liberdade como dom de si. Afinal, segundo Heidegger, o homem quer ao menos uma vez chegar ao lugar em que já está.

Do Livro SINAIS DO AMANHÃ
Felipe Szyszka Karazek

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Políticas Públicas I

Historicamente Política Pública tem origem ao longo dos tempos baseada nas diversas perspectivas e áreas de conhecimento. No início a filosofia como fundamento no pensamento Grego e na busca de uma explicação no ser humano ou no pensamento para a felicidade existencial. No mundo controlado pelo domínio Romano e Católico a Sociologia e o conhecimento Jurídico vieram agregar-se aos conhecimentos de Políticas Públicas perpetuando-se por muitos anos. Já no século XX a visão administrativa e a modernidade tecnológica iniciam uma nova fase das estratégias públicas de ações políticas. O modelo americano de administração pública alastra-se pelo mundo e é o que permanece até hoje. Resume-se em dois aspectos, capital e poder.
Por política entende-se como a arte de relacionar-se e estabelecer uma ramificação de intercâmbio de idéias a partir de convívio humano. Arte ou ciência de governar, a aplicação desta arte nos negócios internos da nação (política interna) ou nos negócios externos (política externa). de conduzir negócios, Conjunto dos princípios ou opiniões, a cerimônia, cortesia, urbanidade.
Princípio ou doutrina política é um ditame moral específico de certa maneira de governar, uma teoria uma doutrina fundamental ou opinião sobre algo ou modo de vida.
Por público entende-se o que é relativo a um povo ou ao povo, que serve para uso de todos, ou o que é comum a todos.
Logo uma Política Pública deveria ser uma formulação de estratégias com programas para estabelecer a forma de governar seguindo preceitos ou princípios de uma doutrina voltada para o povo e feita pelo povo, ou representantes dele.
Dentro da administração voltada para a organização e gestão pública a elaboração destas “estratégias” passariam pelas fases de; demandas, tipos, ciclos ou fases e atores.
A definição simples e pura poderia ser; a iniciativa a partir de uma realidade a ser modificada visando buscar um equilíbrio social busca-se um rumo nas decisões públicas baseada em princípios originários em diversas perspectivas, e que tem por finalidade consolidar uma democracia, impor uma justiça social, e por fim maior buscar a felicidade das pessoas. Mas acima de tudo, a manutenção do poder.
Esta modificação da realidade social é obtida através de definição de objetivos e estratégias para destinação dos recursos públicos.
Mas as diversas situações, locais (e até internacionais) ditam aos governantes a forma de realizar e montar suas “Políticas Públicas”

“Muitos governantes defendem que as principais razões para reexaminar o papel do governo mudança profunda e rápida do contexto econômico e institucional, os problemas de complexidade crescente vinculados à globalização, que levam à necessidade de competir na economia mundial e à internacionalização de muitos assuntos que anteriormente eram preocupações domésticas, a diversificação das necessidades da sociedade, as novas tecnologias de comunicação e informação e o papel decisivo da mídia, a crescente participação dos usuários e grupos de pressão nos processos decisórios e a exigência de maior transparência e provisão de informação em todas as áreas de ação governamental. (SARAIVA, 2006)”

Políticas Públicas II

Atualmente, observamos um processo de não governabilidade, no momento em que o caos toma conta do dia-a-dia das pessoas, quando dependem de uma conjuntura organizacional destinada ao estado. A não governabilidade expressa-se nas diferentes áreas e segmentos sociais.
Após a instalação do caos e tentativa do Estado em estabelecer ações ou decisões públicas através de estratégias, mostra-se extremamente debilitado para cumprí-las. As políticas públicas, são, na verdade, uma anarquia organizada, pois após a instalação do caos, nos remete a uma nova ação pública para uma retomada do equilíbrio, mas um equilíbrio desordenado que não leva a solução permanente do problema social instalado. A partir daí, verifica-se uma dificuldade de racionalizar os processos dessa política pública com economia e eficiência. Resumidamente, não se verifica um avanço e uma evolução do estado social , mas uma sensação de estar permanentemente dentro do caos que nunca acaba.
A governabilidade ou as propostas para governar não conseguem estabelecer uma comunicação ou relação clara com a população. Ao mesmo tempo em que o homem elege o outro homem para destinar a os recursos aos programas ou “políticas públicas” para as áreas essenciais da vida cotidiana, este homem que elege não consegue interferir na administração destes recursos, ficando a mercê da intenção particular do eleito. Políticas Públicas feitas para a uma minoria em detrimento da maioria que coloca os “dominantes do poder político”, cada vez com mais poder de perpetuar este sistema, de certa forma nefasto, onde muitas vezes as necessidades básicas não são atendidas por estas ditas políticas públicas. Mas este mesmo homem que elege não consegue estabelecer um rompimento nesta seqüência do ciclo de poder político. As Políticas Públicas na maioria das vezes não tem como atores principais o eleitor. Até mesmo as ações ditas sociais, são na maioria das vezes eleitoreira e consequentemente perpetuadora do poder quando não estabelecem um debate político amplo sobre cada segmento a ser melhorado.
Os próprios líderes políticos assumem a suas fraquezas e a organizações públicas que dirigem, ao falarem ao planeta inteiro o que está sendo feito na atual conjuntura política de governo. Como este trecho do discurso da vitória das eleições do atual presidente dos Estados Unidos.

“Neste país, avançamos ou fracassamos como uma só nação, como um só povo. Resistamos à tentação de recair no partidarismo, na mesquinharia e na imaturidade que intoxicaram nossa vida política há tanto tempo”.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Professor da USP fala sobre Constituição e políticas públicas na ENAP

“Decifrar o enigma que cerca a Constituição de 1988, que foi objeto de críticas e contestações por parte de magistrados e especialistas, mas, também, motivo de comemorações pelos defensores da democracia e o consequente abandono do regime militar”. Esse foi o propósito que motivou o doutor em Ciência Política da Universidade de São Paulo Rogério Arantes e o professor Claudio Couto da Fundação Getúlio Vargas a consolidarem a pesquisa Constituição, Governo e Democracia no Brasil. Para apresentá-la aos alunos dos cursos de formação para os cargos de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental e de Analista de Planejamento e Orçamento, o professor Rogério Arantes esteve na ENAP, nesta sexta-feira.

Em busca de compreender a atual Constituição brasileira, Rogério fez uma breve incursão pela teoria política, reportando-se ao início da democracia moderna, perpassando o processo histórico do absolutismo e o surgimento do conceito de separação dos poderes idealizado pelo francês Charles de Montesquieu. O professor analisou os processos de implementação das Constituições francesa e norte-americana, que dispõem de modelos distintos de democracia moderna, questionando funções e promovendo a reflexão sobre os contextos históricos que tais nações vivenciaram. “A Constituição dos Estados Unidos foi a primeira a estabelecer marcos para o governo popular, introduzindo cautelas para coibir a tirania de muitos”, explica Rogério. Relatou ainda que democracia é o governo da maioria, sem limitações à vontade do povo e o constitucionalismo configura limites-impostos sobre decisões majoritárias.

Arantes levantou duas questões históricas – “Qual a melhor alternativa: confiar o poder ao povo ou as leis que devem ditar os rumos de uma nação?”. Para ele, a Constituição é um instrumento antidemocrático, embora constitua o grande marco da democracia: “Ela vem para conter a vontade majoritária e não para potencializar os setores sociais”. O palestrante questionou o direito que uma geração tem de “escravizar” a seguinte, por meio das Cartas Magnas, impondo limites e princípios..."

Brasil sediará o Mundial feminino da modalidade em dezembro de 2011

O Brasil receberá pela primeira vez na história, em dezembro de 2011, o Campeonato Mundial feminino de handebol, que será disputado em Santa Catarina. A competição vai ser realizada no continente americano pela primeira vez.

"Sem dúvidas, será o maior passo do handebol brasileiro e das Américas", declarou o presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), Manoel Luiz Oliveira, que enumerou as etapas percorridas pela entidade até sediar o evento mundial.

"Primeiro, realizamos dois mundiais de juniores, um masculino e outro feminino. Depois, dois mundiais de beach handebol e diversos eventos pan-americanos. Enfim, nos preparamos nesses últimos anos já pensando em realizar esse Mundial no Brasil", completou o dirigente.

As cidades catarinenses que receberão os jogos são: Florianópolis, São José, Itajaí, Blumenau, Brusque, Jaraguá do Sul e Joinville. "Entre tantos estados brasileiros que tinham plenas condições de sediar o Mundial, a CBHb escolheu Santa Catarina pela questão da logística, do custo e benefício, da infraestrutura, das instalações esportivas e do apoio das autoridades do estado", explicou.

De acordo com a entidade, o orçamento para realizar o Mundial será de aproximadamente R$ 18 milhões. Oliveira também explicou o motivo da cifra. "Algumas instalações têm que ser melhoradas, temos que fazer pequenos ajustes, mas a nossa expectativa é que não chegue a esse valor total. Os recursos virão de diversas parcerias, patrocinadores, do Ministério dos Esportes, do Comitê Olímpico Brasileiro, do Estado de Santa Catarina e dos municípios participantes".

Para o dirigente, o evento servirá para destacar o handebol brasileiro. "O nosso objetivo é colocar o Brasil entre os melhores do mundo. Vamos ser avaliados tanto na parte administrativa, quanto técnica. Vamos provar a maturidade do país em eventos esportivos e buscar a melhor classificação da história do handebol brasileiro", prometeu.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Gestão Publica no Esporte

A falta de atividade física proporciona uma redução no desempenho físico, na capacidade de concentração e indisposição. Isto atinge a todas as idades. Na 3ª idade estes fatores são agravados. Já a prática de atividade física nos traz energia, melhora o estado geral do funcionamento do corpo, prevenindo doenças, principalmente cardíacas e de estrutura óssea. A prática de atividade produz uma substância chamada endorfina que melhora o bem-estar e aumenta a auto-estima.
A sociedade atual caminha para uma conscientização do bem estar psíquico e corporal. Alertas constantes na mídia lembram a população a respeito do elevado nível de stress e obesidade, osteoporose e o alto risco de ataques cardíacos. Preparar a população para uma consciência da atividade física passa a ser primordial.
Por uma questão de saúde pública, toda a organização e implantação de estruturas e programas voltados a essa atividade, precedem de um trabalho altamente técnico e especializado, seguindo princípios morais e éticos. A gestão pública no esporte esta relacionada com o corpo humano, a formação infantil, a prevenção de doenças, espaços públicos de esporte e lazer e espetáculos esportivos. Portanto, ter uma boa gestão requer; orçamento, leis, planejamento, recursos humanos e acima de tudo uma grande vontade política dos governantes.
Canoas é uma das únicas cidades da Região Metropolitana (exceto a capital) que tem duas grandes e ótimas faculdades de Educação Física. Profissionais estão saindo para o mercado com titulação, trazendo novidades e ânimo a nossa comunidade. O poder público precisa estimular a formação acadêmica incentivando nossos profissionais que serão os futuros gestores. Para isso, é necessária uma linha político filosófica de ação.
Não podemos fugir do pensamento filosófico para os assuntos humanos apenas por circunstâncias históricas, ou suas bases políticas não teriam se alterado ao longo dos anos. A gestão pública no esporte e lazer estabelece as diretrizes políticas e o rumo deste segmento da sociedade. Definitivamente o seu grau de importância precisa ser levado em conta, pois influencia demasiadamente na qualidade de vida e desenvolvimento humano de um município.
O Professor Saldanha, acerta em dizer, já em 2001 que: “É necessário melhorar na cultura política a discussão e priorização na área do esporte e lazer. As políticas esportivas e as vivências de lazer, por ser um direito constitucional e fazer parte da vida cotidiana do cidadão  necessita atenção dos fóruns de políticas públicas, como tem as políticas de educação, saúde, habitação, segurança, etc.
A carência de políticas públicas de esporte e lazer tem possibilitado o surgimento de ações isoladas de setores da sociedade, os quais muitas vezes não possuem uma concepção filosófica e pedagógica definida.
Outro grande desafio é a qualificação dos órgãos gestores como o aumento da sua capacidade técnica, o aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão, a formação e capacitação dos recursos humanos, o aumento da capacidade de mobilizar os recursos públicos de maneira mais eficiente e o desenvolvimento de habilidades gerenciais que contribuam na viabilização das novas atribuições do município”.
Um grupo de crianças de 5 anos acompanhados pelos responsáveis brincando na praça, um grupo de jovens de 16 anos jogando futsal em uma quadra, uma escolinha pré-desportiva num campo de futebol, uma equipe competitiva treinando para um campeonato em um ginásio, uma aula de ginástica para a 3ª idade, um grupo de pessoas correndo, outro grupo de bicicleta e outras atividades físicas deve ser uma realidade presente nos parques e equipamentos esportivos urbanos.
As gerações futuras não podem deixar de ter esta oportunidade. Para que tenhamos serviços públicos bem prestados é necessária uma política de geração de memória pública nos Programas de esporte e lazer e fazer com que o dinheiro enviado pelo município à União volte através de financiamento de programas pelo Ministério do Esporte e outros afins.

Texto de Ricardo Gomes Ribeiro

domingo, 11 de janeiro de 2009

Totalitarismo

Com efeito para Arendt, o poder político resulta de um consenso público; para Focualt o poder é um conjunto de operações, mecanismos e instituições, que se espalham por toda a sociedade; para Leford, o poder político é simbolico, é o pólo de referencia no qual uma sociedade dividida em classes busca a imagem de sua unidade, realizando o trabalho dos conflitos que a dividem.
Totalitarismo é um termo que representa uma ideologia e prática política caracterizada pela total subordinação dos indivíduos aos interesses do Estado. Num regime totalitário o Estado possui poderes absulutos sobre toda a vida política, social, cultural, religiosa e econômica. O totalitarismo foi particularmente visível nas ditaduras europeias surgidas após o final da Primeira Guerra Mundial, constituindo uma das características principais do fascismo, do nazismo, do franquismo, do salazarismo e do comunismo soviético.
Conforme Hannah Arendt o momento (na Rússia em 1929, ano do que se costuma chamar de “segunda revolução”, e na Alemanha em 1933) parecia apropriado para olhar os eventos contemporâneos com a retrospecção do historiador e com o zelo analítico do cientista político, a primeira oportunidade para tentar narrar e compreender o que havia acontecido — não ainda sitie ira et studio, e sim com desgosto e pesar e, portanto, com certa tendência à lamentação, mas já sem a cólera muda e sem o horror impotente. Era, pelo menos, o primeiro momento em que se podia elaborar e articular as perguntas com as quais a minha geração havia sido obrigada a viver a maior parte da sua vida adulta: O que havia acontecido? Por que havia acontecido?

sábado, 10 de janeiro de 2009

Sistema de Mérito no Serviço Público

Encontra-se em processo de transformação. Muito disso é devido a internalização dos preceitos de cidadania, novas técnicas de gerenciamento e um grande número de informações que chegam ao serviço Público. Como contraponto ao sistema vigente, apresenta-se o método do sistema de mérito no âmbito administrativo, como base para a ampliação da motivação cotidiana do funcionário, melhorando o aproveitamento dos recursos humanos e uma otimização dos processos de gerenciamento do capital humano, principal ativo de uma organização público ou privado.
A questão do mérito em ambientes funcionais sempre foi muito polêmica no Brasil. Na verdade este tema é pouco estudado em nosso país. Os motivos reservam-se a questões históricas da administração no Brasil. No início do século passado a administração pública estava ligada a questão de solidariedade social. A partir da década de 30 foram montadas as primeiras regras do serviço público organizado, mas predominou na época o modelo burocrático, deixando de lado por exemplo: a administração mais moderna como elemento administrativo motivacional, planejamento por objetivos e de investimento nos recursos humanos.
Mesmo após a II Guerra quando os conceitos de qualidade e produtividade foram implementados no mundo, no Brasil os avanços foram limitados. Somente a partir de 1970 é que se deu um pequeno progresso nesse sentido. Já nos anos 90 buscou-se uma maior eficiência administrativa no serviço público. Mas atualmente a dinâmica burocrática ainda predomina caracterizada por pouco dinamismo, lentidão e centralismo. O baixo nível de motivação a neutralização de iniciativas individuais, a insatisfação do cidadão-usuário, sistema de ascensão funcional pouco definido, são fatores que caracterizam a administração pública atual.
A questão da motivação humana no trabalho, especificamente no universo do servidor público é bem mais ampla do que um simples aumento do salário. Destacam-se nessa questão: modernização, melhoria dos padrões funcionais, utilização produtiva do potencial de trabalho, melhoria dos padrões de auto-aperfeiçoamento, diminuição dos casuísmos, tratamento diferenciado para potencial individuais, administrar voltado para o alto padrão de qualidade.
Um projeto de mudança da promoção por mérito passa por esses princípios básicos, que irão nortear a preservação do grande recurso que a administração pública tem que é o ser humano.

Jogos Olímpicos 2008

O Corpo na China Olímpica
Paulo Ghiraldelli Jr.



O materialismo de Marx se imaginava sofisticado por não remeter a idéia de “matéria” à de “físico”. Afastando-se da “biologia”, Marx pensava ter dado um passo além da doutrina dos materialistas do século anterior ao dele. A “materialidade” de Marx se fez voltada para uma noção que apanhava as relações dos homens entre si e com o mundo que uma noção ligada à fisiologia ou à mecânica.

Os frankfurtianos quiseram devolver o corpo físico ao materialismo. Ou melhor, eles desejaram fazer o materialismo não deixar de lado o corpo físico. A dor e o prazer (sexual) foram tomados por eles como temas, e chegaram a acusar Marx de “ascetismo burguês”. Mas é difícil não ver em Adorno e Horkheimer o mesmo ascetismo que enxergaram em Marx, ainda que tenhamos em conta suas denúncias a respeito de como que o materialismo marxista – para não dizer toda a filosofia – fugia do problema de lidar com as sensações e com o sentimento.

Creio que foi Foucault o filósofo que devolveu o corpo físico ao materialismo (e Donald Davidson, em outro sentido). Em uma entrevista célebre, ele lembrou que seu materialismo lhe parecia mais radical que o de Marx exatamente por não se esquecer do corpo. Somos materialistas? Então, que sejamos mesmo! Vamos ao que temos de “matéria” – o corpo. Foi isso que ele disse. Foucault não via uma razão para deixar o corpo físico na cama da clínica médica que fosse maior que aquela razão que nos permitiria trazer o corpo físico para cima da escrivaninha do filósofo.

Foi assim que Foucault criou as noções e “bio-política da população” e “anátomo-política do corpo”. A biologia e a anatomia voltaram para a cena filosófica. Mas em um sentido inovador e inédito. Todavia, após Foucault, tivemos um refluxo.
(...)A questão do ano de 2008 que envolve o tema do corpo, entrelaçado com a ética e com a política, é aquela ligada aos Jogos Olímpicos da China. Posturas corporais que colocam o relógio em segundo plano estão em confronto com aquelas posturas que antes de elegerem o relógio como um deus tomam o corpo como relógio. A China que aliou “ditadura comunista” com “alta produtividade capitalista” defende este modelo, enquanto que o Tibet, incrustado nessa China, defende o primeiro modelo.

Assim, dois tipos de corpos estão em postos para o confronto. Mas não é só neste plano que o corpo aparece e se põe como centro. É que o corpo é “operado” para se colocar no âmbito da disputa ética (sim, se trata de opções por diferentes ethos) e política em questão. Como? De uma forma bastante imaginativa: os grandes campeões que irão participar dos jogos resolveram colocar seus corpos – que todos querem ver – à disposição do público, mas sem as suas cabeças. No lugar das cabeças que pertencem aos seus corpos, aparecem cabeças de dissidentes chineses. O corpo sofre mutação fotográfica para que o protesto em favor do Tibet e da liberalização do regime se faça presente.

Alguém menos atento pode acreditar que isso nada é senão o velho e bom fenômeno da “entrada da política (democrática) nas quadras, campos, piscinas e pistas”. Nesse caso, seria a repetição de tipos de situações como a de Jesse Owens derrotando o atleta de Hitler, ou como aquela dos negros americanos cerrando os punhos em favor de respeito racial e, também, a dos boicotes de Comitês Olímpicos Nacionais contra a URSS (para se por contra o desrespeito a Direitos Humanos do comunismo) e contra a África do Sul (pelo fim do regime do Apartheid). Todavia, não vejo assim o modo do protesto dos atletas atuais contra o regime da China.

O que os atletas realizaram ao trocar as cabeças de seus corpos é simples, mas nunca foi feito antes! É a primeira vez que se está usando do corpo para se mostrar a dupla identidade, sem qualquer referência explícita às idéias. As idéias são pressupostas, não precisam aparecer. Nem há gestos (o punho fechado, dos negros, era um gesto que sempre veio junto com o movimento operário). O que precisa aparecer, agora, é a dupla identidade. Cada atleta é o que é o seu corpo, mais do que qualquer um de nós, talvez. Como possuem corpos em constante exposição, são bastante inconfundíveis aos aficionados dos esportes (que não são poucos). E, então, podem trocar de cabeças e, ainda assim, garantirem suas identidades. Parte do corpo, a cabeça, o “lugar das idéias”, é de um dissidente; e parte do corpo, a que funciona para o espetáculo olímpico, continua ali pronta para o espetáculo olímpico. O que cada atleta está dizendo é que ele tem a cabeça do dissidente, enquanto que o corpo continua respeitando os jogos.

Assim, não é necessário boicote. Não é necessário gestos ou faixas ou protestos na hora do evento. Basta agora, antes do evento, ocorrer a fusão, a dupla identidade. Cada um é submetido à cirurgia de troca de cabeças. Nem mesmo é utilizado o photoshop, é a pura colocação da foto do dissidente na frente do rosto, deixando o corpo atlético bem inconfundível à mostra.

Tal mensagem não é exclusivamente inteligente, ela é, também, sinal dos tempos. No passado, não a entenderíamos. Mas agora, que a identidade foi transferida do campo dos discursos abstratos para o discurso emitido pelo corpo, fica fácil entendermos o recado. Antes, pareceria uma brincadeira confusa. Hoje, é bem fácil saber que cada dissidente se tornou atleta e que estará no centro das quadras, pistas, piscinas e campos. Na festa do corpo, o corpo dita quem vai fazer o espetáculo o que será visto como espetáculo – não é fantástico?

O materialismo de nossos tempos trouxe o corpo para o palco central. E onde o materialismo de Marx já foi de todo deturpado, desde o início, nada melhor que um pouco de materialismo (ainda que não marxista) para irritar o Poder. Na China Olímpica de 2008 nossa inteligência de e para o protesto seguiu o corpo.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A Verdade

"(...) Buda diz: ‘Não existe verdade nos Vedas nem nos Upanishads. Cuidado com palavras bonitas! Cuidado com especulações filosóficas! Não desperdice seu tempo com lógica. Fique em silêncio! Jogue fora os Vedas de sua cabeça; somente assim você consegue ficar em silêncio.’ Ele parece negativo, ele parece nihilista, perigoso – mas esta é a única maneira que você pode ser ajudado.
O falso tem que ser mostrado a você como falso. Você tem que começar com isto: neti neti – nem isto nem aquilo. O Mestre tem que dizer a você: ‘Isto é falso e aquilo é falso.’ Ele tem que continuar apontando para você tudo o que for falso, porque quando você souber tudo o que for falso, de repente uma transformação acontece em sua consciência. Quando você se tornar consciente do que é falso, começará então a ficar consciente do que é verdadeiro.
Não se consegue ensinar o que é a verdade, mas certamente se consegue ensinar o que não é a verdade. Você foi condicionado; você pode ser descondicionado. Você foi hipnotizado – como hindu, muçulmano, cristão, jaina... A função do Mestre é desipnotizá-lo. Uma vez que você seja desipnotizado, de repente será capaz de ver a verdade. A verdade não precisa ser ensinada. (...)”

OSHO - The Book of the Books

Jogar para aprender

Elemento de máxima importância no aprendizado.

Atualmente Ensinar o esporte através de jogos, tornou-se um conceito viável. Teoria aplicável em qualquer modalidade onde o jogo é o ponto central do desporto, principalmente nas modalidades coletivas. Além disso, temos também diversos valores psicológicos e sociais embutidos, que só o jogo nos proporciona.
Não só o handebol mas todos os esportes coletivos tornam-se reflexos de nossa cultura e de nossa sociedade. Podemos dizer que se desenvolvem a partir de elementos sociais. Hoje estamos nos afastando do conceito de condicionamento, submetido a técnica. Uma inversão no aprendizado se dá mais pela tendência da construção a partir do indivíduo e de uma relação mais humana e aberta entre professor-aluno.
Atualmente as crianças das grandes cidades diferem das crianças de anos anteriores, novas possibilidades culturais estão presentes na vida e no dia-a-dia infantil, como: Posições e posturas que são adotadas pelo presente avanço tecnológico; o menor número de espaços lúdicos e de lazer; o tempo já preenchido desde cedo com atividades intelectuais ou de pouca movimentação corporal; e até mesmo a forma tecnicista de aprendizagem impregnada pela competição exacerbada, e pelo treinamento precoce nos clubes e escolas. Todo este contexto levam as crianças a pularem fases de desenvolvimento motor, livre e criativo.
Entre vários conceitos e metodologias de aprendizagem existentes, percebemos que o aprendizado através do jogo vem ao encontro do que solicita o handebol moderno, considerando que o número variado de procedimentos que o jogo exige é infinitamente grande, e o número de possibilidades para solucionar problemas apresentados nas diversas situações, requer uma decisão rápida, que só será executada se este aprendizado passou pela liberdade de ação.
Para BAYER(1986), as situações propostas no jogo devem corresponder as possibilidades do aluno e devem comportar os elementos essenciais que permitam modificar-se. No centro destas realidades concretas propostas pelo educador, o jogador como ser atuante ou dotado de intenções, obterá informações destinando-lhes significados novos em função dos objetivos esperados.
Estes significados novos futuramente irão se tornar elementos dos fundamentos do jogo. As modificações esperadas durante o processo, são importantes elementos da evolução da aprendizagem, já que nelas estão imbutidas a descoberta por parte do aluno das soluções frente as dificuldades apresentadas.
O educador deve ser sensível a elementos de contextos calorosos e motivantes que afetam de forma diversa o processo de aprendizagem e num determinado contexto, que cada um tem a impressão que as idéias, sentimentos e pontos de vista deverão ter um sentido e um valor. Torna-se necessário que a criança adquira a idéia que tudo o que é aprendido não é exterior e estranho a ela. Este sentimento é adquirido, logo que a criança perceba que sua contribuição e seu valor pessoal são verdadeiramente apreciados. NETO (1995).
A criança sempre exercerá o jogo com suas regras, com sua visão e com seu espírito lúdico. Os profissionais do ensino revelam-se inadequados quando subestimam a criatividade das crianças ao achar que se elas não estão dentro das regras tecnicistas não estarão aprendendo.

Trecho do livro "A Iniciação ao Handebol"
Ricardo Gomes Ribeiro

CEGUEIRA TEMPORÁRIA

"Não culpe as pessoas,
Algumas precisam de você.
Tente despertar em si,
A alegria que ainda falta.
E saiba mais sobre as pessoas.
Algumas ainda estão,
Temporariamente,
Cegas."

Trecho Do livro
SINAIS DO AMANHÃ
Felipe Szyszka Karasek

O Segundo Mundo

O mundo vive um momento de grande transição econômica e política. Os centros econômicos mundiais se movimentam aceleradamente. As transferências de poder econômico tendem a ter uma mudança geográfica e política. A crise de identidade humana ajuda a transformar este quadro. O homem volta-se para a questão ecológica e repudia países que não se comprometem com a questão. A sustentabilidade vai andar junto com a economia.
O poder de controle financeiro mundial pelos americanos deve diminuir nessa transição. Atualmente já temos um desmembramento desse controle. Após o plano Marshall o crescimento econômico Europeu passou a ser importante no contexto mundial, e a cada ano mais países agregam-se a União Européia. Juntamente com a China que opós a abertura política e econômica, apresenta um crescimento assustador torna-se uma economia central asiática juntamente com o Japão. Com esses três blocos econômicos já temos uma divisão do controle econômico mundial, saindo da exclusividade americana.
Outros países e outros blocos econômicos dão sinais de crescimento, mesmo que ainda não tenham atingido um desenvolvimento social e político satisfatório. A Rússia, o Brasil, a África do Sul e a Índia formam seus blocos econômicos em diferentes partes do mundo. As empresas transacionais dos blocos mais importantes ajudam neste setor. A facilidade de transporte e comunicação, a quebra de fronteiras econômicas, o avanço desenfreado da tecnologia, bem como a própria globalização contribuem para este cenário. Não há nada que as grandes potências econômicas podem fazer para impedir este crescimento. A história nos mostra, a ascensão e quedas das potência ao longo dos anos.
Mas os Estados Unidos da América não ficarão ausentes como influência, apenas será mais um, não tendo mais o controle do mundo financeiro. Não dominarão o mundo novamente. O máximo que devem fazer é trazer uma estabilidade no Oriente Médio. A tarefa será dividida com países distantes que terão também a sua influência. A grande diferença entre a União Européia e os Estados Unidos, é que a EU não domina, ela disciplina, e ensina isto aos outros blocos econômicos.
Neste contexto a competição desenfreada imposta pelo modelo econômico dominante, o Capitalismo, deve dar lugar a igualdade social e a consciência ecológica. Uma mudança na paisagem das grandes cidades vai ocorrer em breve. A vida e o meio ambiente serão mais importantes do que o ganho financeiro. As cidades quase imobilizadas pelo transito, a emissão de gases, a alimentação industrializada, a falta de água potável, o desmatamento, a reciclagem de lixo, e as novas fontes de energia, deverão ser o centro das atenções e foco do ser humano nos próximos séculos. A próxima corrida será pela salvação do homem e do planeta.

Reservas de petróleo da área Pré-sal

Uma imensa área de petróleo é encontrada no Brasil, resultado do esforço do governo que nunca desistiu e acreditou que seria possível esta descoberta. Além dessa grande novidade, o anúncio e a discussão de onde investir este lucro, nos deixa esperançosos quanto ao futuro de nosso país, numa época recheada por notícias de escândalos políticos.
Após um grande investimento em pesquisas e tecnologia para melhorar a exploração de petróleo no Brasil, cerca de 50 bilhões de reais foram investidos, finalmente festeja-se a descoberta de uma grande área de reserva de petróleo. Uma reserva profunda, cerca de 5000 a 7000 metros de profundidade, abaixo da camada pré-sal, que pode ter 2000 metros de espessura em alguns pontos. Localizado em nosso litoral com pontos que vão do Espírito Santo a Santa Catarina.
Além do dinheiro aplicado para efetivar esta descoberta da, serão necessários ainda um grande investimento em outros setores essenciais à exploração e ao desenvolvimento, serão necessários implementar a Industria naval, refinaria, siderurgia, bens de capital e serviços. Certamente teremos um quadro favorável para a economia nos próximos anos.
De todos os pronunciamentos, percebe-se uma única fala. Os principais Ministro e nosso Presidente, deixam claro que a idéia é a de um forte investimento na educação. O Ministro Guido Mantega, a Ministra Dilma Russeff, o Minisro Fernando Haddad e o Presidente Lula, afirmam categoricamente que o Brasil terá um investimento de 6 a 7 % do PIB na educação, a Unesco recomenda 6% e o Brasil investe 4% atualmente.
Se isto realmente acontecer, seremos em breve uma nação, pelo menos, com melhores índices de investimento na educação, se isto irá modificar a realidade brasileira, vai depender de uma política cuide desses recursos e faça chegá-los a quem precisa; os nossos estudantes.
Um Fundo Soberano também é discutido, este fundo teria a função de assegurar o investimento no setor educacional, e garantiria o aporte financeiro para as próximas gerações. Também teremos um resultado direto no setor fiscal nos próximos anos, bem como nossa balança comercial terá uma lucratividade importante. Segundo o Ministro Mantega, estima-se cerca de três vezes superior ao resultado atual.
Podemos dizer que a reserva “pré-sal “ pode ser apenas uma das boas notícias quanto a descoberta de recursos naturais. Quem sabe teremos novas notícias em breve, pois percebe-se que o país finalmente faz jus sua imagem de abundância em riquezas naturais. Talvez seja nosso grande aliado do futuro e finalmente consigamos resolver velhos problemas sociais.